quando os livros me olham

vai que tenho lido quase nada. escrito quase nada, também. trabalho ocupa o tempo, mas constrói um vazio.

aí que acabou o semestre para o trabalho #1 e agora só em agosto. cresceu o tempo. cresceu o vazio.

olho os livros nas minhas estantes e não tenho vontade de pegar nenhum deles. desconfio de todos. acho que não é bem isso que eu queria ler. nem mesmo na livraria. terminei de ler um Calvino e concluí que de fato gosto mais do Calvino mais metalinguístico. quer dizer, Calvino é sempre metalinguístico, mas quando foge demais na viagem, se mete por caminhos obscuros, me perco, desinteresso. vejo minha pilha cada vez mais baixa de Cortázar por ler. penso que melhor deixar para depois. senão acaba. tenho vontade de reler O jogo da amarelinha. mas tantos livros por ler.

aí que penso em ler Tender is the night, do Fiztgerald. é o último que me falta, dos romances. não é também o que eu queria ler, mas é uma história, e ando precisando de personagens, desses com nome e personalidade, não essa coisa moderninha de gente chamada F ou K etc. gente que não é gente. ou Bolaño, com aquele monte de nome, aquele monte de gente que passa feito fazendo vitrine. mas aí me encara Os detetives selvagens e pergunta se e aí, vai encarar?, mais dois Javier Marías, um Tomás Eloy Martinez, um Mario Benedetti. olho na prateleira de cima os policiais em inglês e na prateleira de baixo os infinitos Simenon e penso que queria mesmo era ler um de espionagem dos antigos do Le Carré. mas os dois que tenho eu já li. e dizem que são os melhores.

ou escrever. mas a burocracia, o minc, as incertezas, essa viagem incerta que fica cada vez mais próxima e ainda não posso comprar as passagens. que desânimo.

a ficção me faz uma falta. que chatice sem fim esse mundo linear de não-ficção.

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