amigos e voltas em purmamarca

porque meu plano ao tomar a excursão era uma parada mais ou menos estratégia em Purmamarca e depois seguir direto a La Quiaca, na fronteira com a Bolívia, para cruzar a fronteira e resolver a questão do visto que vencia no 10 de outubro, voltar e ir baixando pela quebrada de Humahuaca parando onde deveria ter parado na ida. né? aí que em Purmamarca conheci Barbara uma menina da província de Buenos Aires (porque não pode dizer que é portenho que eles que são da província ficam bravos e no soy porteño etc) que está subindo pra Bolívia e disse que vamos parar em Tilcara e dá tempo porque o trem dela sai dia 8 então se vamos juntas necessariamente chegamos antes do 10. estava também Juan outro de Buenos Aires (não-portenho) que seguia pra Iruya.

me convenceram. fiquei então duas noites em Purmamarca, o que significou um dia inteiro pra contornar o _cerro de los siete colores_ aos pés do qual está localizado o povoado. seguimos pelo paseo de los colorados, subindo, parando, tomando mate, vendo a gente passar. que lugar sensacional.

ou, como escreveu Cortázar num dos contos de História de cronópios e de famas, um lugar absurdo. inclusive tinha ali uma plaquinha numa loja de artesanatos que dizia PURMAMARCA DESTINO ABSURDO Julio Cortázar. pareceu pertinente.

eu pra caminhar coca na bochecha porque o pique vai falhando nessa de passear a 2500 metros de altitude (que convenhamos não é grande coisa mas acho que estou ficando velha). a gente vai acostumando porque o gosto não é assim uma coisa incrível. porque veja que depois à tarde, depois de cruzar com nossa nova roomate uma francesa que precisava voltar pra Jujuy pra sacar plata, seguimos pro outro mirante do povoado, que fica ali do outro lado da estrada, no cerro morado. e dessa vez eu não levei as folhas de coca. a vista: sensacional.

o fôlego: impossível. e nem tanto o fôlego, mas qualquer coisa que se remexe no estômago e a gente que é de menos de mil metros de altitude não aprendeu como explicar. aqui eles tem uma palavra pra essa sensação que engloba miles de sensações variadas: apunarse. que é subir à puna, ou seja, à altitude. uma leveza da cabeça com qualquer movimento mais rápido, uma tontura. e isso ali no topo do morro, com aquela vista linda e colorida e um precipício e ai se minha mãe me visse ali.

caminhamos pelo topo do morro até o vento frio e a puna apertarem, e descemos devagarzinho, cruzamos a rodovia e de volta ao centro compramos tortilla de jamón y queso (uma massa de pão recheada que fazem numa grelha montada na calçada e vão assim revirando com a mão mesma, que inclusive é a mesma mão que maneja o dinheiro mas ok, vamos criando anticorpos). também compramos iogurte e frutas pra mais tarde quando voltasse a incomodar a fome. e no quarto de volta ao hostal DON TOMÁS com a francesa fizemos planos de seguir até Iruya e reencontrar Juan e era aniversário dele dia 5 de outubro e ia ter festa no povoado da virgem del Rosário e tudo mais; isso pra antes de tomar o rumo da fronteira (na verdade o plano era matar um tempo em Tilcara e dar uma volta por toda a quebrada desde lá, mas quando eu saí do banho os planos já eram outros e fui convencida de que eram bons planos).

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